A nave Mars Express, da ESA, irá passar bem perto da maior lua de Marte, Phobos, na Quarta-feira à noite. Passando a uma altitude de 67 Km, um seguimento de rádio preciso irá permitir aos investigadores espreitarem a lua misteriosa.
A Mars Express participará em 12 aproximações a Phobos. De cada vez, serão apontados diferentes instrumentos ao misterioso rochedo, adquirindo-se mais informação. A passagem mais próxima ocorrerá a 3 de Março, às 21:55 CET, uma hora a menos em Portugal.
Perto de Phobos, a nave será desviada da rota pelo campo gravítico da lua. O desvio será de apenas alguns milímetros por segundo e não afectará a missão de nenhuma forma. No entanto, para as equipas em terra, permitirá uma visão única do interior da lua e de como a sua massa está distribuída.
Como é que esta medição extremamente sensível será feita? Ironicamente, serão desligados todos os sinais da nave. A única coisa que as estações em terra irão escutar será o sinal de rádio, usado para transportar dados.
Preparação para a maior aproximação a Phobos |
Foram já realizados dois ensaios para esta operação, permitindo que o pessoal em terra e os controladores da nave treinem os seus papeis. Agora é o momento de levar à prática. Planeada inicialmente para uma aproximação a 50 Km de altitude, a passagem será agora a 67 quilómetros.
Durante uma manobra, na semana passada, a nave ficou numa trajectória que iria incluir uma ocultação por Phobos. Isto queria dizer que a Mars Express ficaria por trás de Phobos, vista da Terra. Como este facto iria prejudicar o seguimento da nave, decidiu-se fazer uma manobra para recolocar a passagem numa altitude superior.
O trabalho não estará terminado após esta aproximação. Outras sete se seguirão, antes de terminar a campanha. Além da experiência de seguimento, conhecido como MaRS, de Mars Radio Science, o radar MARSIS já andou a inspeccionar a superfície de Phobos com feixes de radar. «Já procedemos a um processamento de dados preliminar e a assinatura de Phobos é evidente em quase todos os dados», diz Andrea Cicchetti, do Instituto Italiano de Física do Espaço Interplanetário e membro da equipa MARSIS.
O radar MARSIS já está a recolher dados |
ASPERA já está a estudar a forma como as partículas carregadas do Sol interagem com a superfície de Phobos. SPICAM, PFS, OMEGA estão a caracterizar a superfície da lua, com o PFS a tentar medir a temperatura de Phobos, nos lados iluminado e escurecido. O HRSC irá prestar particular atenção ao local proposto para a aterragem da missão russa Phobos-Grunt, que deverá ser lançada em 2011/12.
«Todas as experiências na Mars Express dizem algo sobre Phobos,» diz Olivier Witasse, cientista de projecto na missão da ESA. Isto é um bónus para a ciência, tendo em conta que nenhuma delas tinha sido concebida para o estudo de Phobos, apenas do planeta Marte. O resultados científicos destas passagens deveráo estar disponíveis nas semanas ou meses seguintes, quando as várias equipas tiverem tido tempo para analisar os dados.
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