Sociedade Princesina de Ciências Astronômicas ®

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Relatório de Observação 03 de fevereiro - Cristopher H. Margraf

Desde que adquiri meu telescópio Sky-Watcher 130mm, ainda não havia conseguido uma oportunidade boa de testá-lo. Ora era o tempo que não contribuía, ora eram os compromissos de trabalho. Já havia observado Júpiter e a Lua com o tele, mas eu queria mesmo é testá-lo com os objetos do céu profundo. Ontem o tempo ficou bom logo no início da noite, e decidi não perder aquela oportunidade.

Comecei a montar as coisas lá pelas 21:20, e quando olhei casualmente para Orion a olho nu por volta de 21:30, me surpreendi ao ver a passagem de um satélite artificial pela constelação, com magnitude próxima de 4. Mais tarde, consultei o site HEAVENS-ABOVE e descobri tratar-se do foguete Cosmos 1666.

A partir das 21:30 com tudo pronto, me concentrei no Sul. Principalmente porque meus algomerados abertos favoritos encontram-se nessa região, além de ser uma das poucas partes do céu que me é livre para observar aqui dos fundos da minha casa, a qual é cercada de prédios por quase todos os lados.

Atualmente, disponho de duas oculares de pouco aumento para o tele, uma 25mm (que dá um aumento de 26x) e uma 10mm (aumento de 65x). Comecei por um velho conhecido: o aglomerado aberto IC 2602, conhecido como Plêiades do Sul. De tempos em tempos, tirava o olho da ocular do tele e observava com meu binóculo Celestron UpClose 10x50. Aqui vale uma constatação importante: muitas pessoas subestimam a importância dos binóculos na astronomia. Mas a partir do momento em que adquiri o telescópio, minha reação foi o contrário: passei a valorizar ainda mais meu pequeno 10x50. As Plêiades do Sul formam um aglomerado espaçado, e no grande aumento de um telescópio, o maravilhoso efeito que aquelas estrelas causam observadas próximas umas das outras (quando observadas a olho nu ou ao binóculo) quase se perde. É um tipo de aglomerado que definitivamente deve ser observado ao binóculo ao invés do telescópio.

Mas é claro que o telescópio também tem seus momentos de superioridade na observação de aglomerados abertos. Por exemplo, quando observei a Caixa de Jóias, na Crux (Cruzeiro do Sul), um aglomerado pequeno, ele se mostra tímido e sem grandes detalhes ao binóculo. Mas no campo do telescópio, ele se revelou estonteante, e a estrela cor de rubi em seu centro contrastava enormemente com as estrelas azuis circundantes. Um espetáculo.

Novamente na região circundante das Plêiades do Sul, mergulhei nos aglomerados abertos da Carina (a Quilha do navio dos argonautas). NGC 3532 é um aglomerado aberto extremamente denso, para observar ao binóculo é um dos meus aglomerados favoritos. NGC 3114 e NGC 2516 também proporcionaram uma bela visão. Tentei observar maiores detalhes da nebulosa Eta Carinae, porém ela estava fraca e quase imperceptível, tanto ao bino quanto ao tele. Percebi aí que a noite não estava assim tão boa, pois em outras ocasiões, aqui de casa mesmo, eu já havia conseguido observá-la muito melhor ao binóculo do que consegui neste dia.

Foi então que descobri um pequeno tesouro bem escondido, a noroeste da Nebulosa Eta Carinae. Trata-se de NGC 3293, um aglomerado pequeno (o que não o torna um alvo muito bom para binóculos), mas que se revela magnífico ao telescópio, bastante denso e brilhante. Então decidi observar um aglomerado globular, e lembrei de NGC 2808, ao Norte das Plêiades do Sul, um aglomerado não tão brilhante, mas que eu já observara facilmente ao binóculo anteriormente, em um céu bom de interior na cidade de Ipiranga (PR). Porém, no céu poluído do centro de Ponta Grossa, isso mostrou-se uma missão ingrata. Sofri para encontrá-lo ao binóculo, se mostrando apenas como uma estrela desfocada. No campo do telescópio, mesmo com a ocular de 65x, não consegui resolver nenhuma estrela individual do aglomerado, e ele se mostrou apenas como uma pequena esfera de algodão.

Para terminar a noite, dei uma rápida observada na Nebulosa de Orion. Com a ocular de 65x, pude perceber claramente as estrelas que formam o Trapézio. Mesmo com o céu poluído, pude perceber alguns detalhes interessantes na Nebulosa. Queria observar Marte, porém o planeta só ficaria disponível para observar daqui da minha casa lá pelas 1h da manhã, quando passasse exatamente sobre o ponto cardeal Norte (onde há um pequeno pedaço de céu aberto, no meio de dois prédios), e como bom astrônomo amador pobre que precisa levantar cedo no dia seguinte, seria complicado para mim ficar acordado até esse horário. Mas se sábado o tempo continuar bom, provavelmente a SPCA fará uma observação na chácara, e aí Marte não me irá escapar!

Fim da observação às 22:55h do dia 03 de fevereiro.

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