Sociedade Princesina de Ciências Astronômicas ®
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Chuva de meteoros Alfa Aurigídeas
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Discos voadores existem?
Ao longo dos últimos 11 anos, já escrevi colunas contra a homeopatia, a astrologia, a psicanálise e tudo o que me parecesse manifestações de pseudociência, mas nunca me ocorreu falar mal dos ufólogos. Na verdade, nunca achei que fosse necessário, pois sempre imaginei que os perseguidores de contatos imediatos não passassem de uma microminoria daquelas bem exóticas. Assim, foi com surpresa que tomei conhecimento de que se trata de um grupo não tão diminuto. Eles contam com uma publicação bem produzida, a revista "UFO", que existe já há 27 anos e diz tirar 30 mil exemplares por mês. Já o site tem, segundo seus mantenedores, uma média de 25 mil visitas diárias. Mesmo que nem todos os compradores e internautas sejam ufólogos de carteirinha, é lícito concluir que bastante gente se interessa, ainda que apenas antropologicamente, pelo fenômeno. É o caso, portanto, de gastar uma coluna com ele.
Antes de prosseguir, um alerta. Ao contrário de religiosos em geral, não pretendo impor minhas crenças a ninguém. Se os caçadores de alienígenas extraem prazer dessa atividade, meu conselho é que aproveitem. É claro que eu não acredito, mas tampouco acredito em Papai do Céu e nem por isso recomendo aos fiéis que faltem à missa. A questão aqui é que os ufólogos estão fazendo um juízo verificável sobre o mundo. Eles afirmam que espécies alienígenas inteligentes visitam regularmente a Terra e até sequestram alguns de nós de vez em quando. E isso, ao contrário da hipótese divina, pode em princípio ser comprovado ou desmentido. Se discos voadores não existem, como parece ser o caso, é preciso afirmá-lo com toda a clareza. Uma das missões da ciência é reduzir o número de ficções que se pretendem reais em circulação na sociedade.
Passemos, então, ao exame da matéria. Objetos voadores não identificados, abduções e alienígenas. O que há de cientificamente palpável nessas histórias e o que é fruto de delírio? A crer em estudos que receberam o crivo da ciência, podemos praticamente descartar os dois primeiros como miragens, interpretações equivocadas de fenômenos conhecidos e manifestações psiquiátricas. Já a existência de vida fora da Terra é objeto de alguma pesquisa e intensa especulação.
Se o espaço sempre deslumbrou o homem, Marte está entre os corpos celestes que mais fascínio provocaram. Seu tom vermelho-sanguíneo o fez ser frequentemente associado à morte. Os babilônios o chamavam de Nergal, seu deus da morte e da pestilência. Para os gregos, era Ares, o deus das batalhas. Os romanos o batizaram de Marte, deus da guerra.
Nem a suposta objetividade da ciência e de seus instrumentos conseguiu romper a aura de encantamento que paira sobre o planeta vermelho. Ao contrário, contribuiu para aumentá-la. Em 1877, o astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli descobriu pequenos sulcos na superfície do planeta que chamou de "canali" (canais). O termo foi erroneamente traduzido para o inglês como "canals" em vez de "channels". No idioma de Shakespeare, "canal" designa principalmente os canais artificiais usados em irrigação.
A novidade deu lugar a todo tipo de especulação. O orientalista e astrônomo norte-americano Percival Lowell divulgou a crença de que os canais levavam água derretida dos polos para irrigar os campos e abastecer as cidades marcianas. Tal teoria, é claro, já contrariava observações de astrônomos melhores, segundo as quais a atmosfera marciana era rarefeita demais para comportar uma civilização, mas isso não importava. Ganhava força aí o clichê, que até hoje sobrevive no imaginário popular, dos homenzinhos verdes de Marte.
Mesmo depois que as primeiras sondas dos programas Mariner e Viking chegaram a Marte nos anos 60 e revelaram um planeta totalmente desolado sem canais nem homenzinhos de nenhuma cor, o mito marciano segue resistindo, na forma de planeta a colonizar, proposta defendida, entre outro, pelo físico Stephen Hawking.
Voltemos, contudo, aos discos voadores. A ideia de que extraterráqueos nos visitam a bordo de naves avançadas é bem datada. Ela surgiu em 1947 nos EUA, depois que o piloto de aviões Kenneth Arnold relatou ter avistado objetos voadores não identificados (óvnis). Nos anos 50, os relatos de visões e encontros adquiriram um padrão epidêmico.
Pacientemente, a Força Aérea dos EUA (no que depois foi imitada por aeronáuticas de outros países) pôs-se a registrar e investigar várias centenas dessas histórias, que resultaram no Projeto Signs, que depois se tornou Projeto Grudge, que virou o Projeto Blue Book.
Em 1966, a Universidade do Colorado escolheu 56 desses casos para estudar melhor, sob o comando do físico Edward Condon. Dois anos depois, o relatório intitulado "Estudo Científico dos Óvnis" concluía que não valia a pena seguir pesquisando esse tipo de fenômeno, que, como já disse acima, envolve quase sempre a uma interpretação errônea de eventos atmosféricos ou artefatos voadores de fabricação terrestre. A conclusão foi referendada pela Academia Nacional de Ciências.
Isso significa que os óvnis já foram considerados seriamente pela ciência e descartados. É claro que ninguém pode afirmar de forma apodítica que não existem naves espaciais alienígenas, mas elas já foram procuradas de forma mais ou menos metódica e não foram encontradas, o que é um indício bastante razoável de inexistência. Com muito menos "provas" a maioria dos adultos descartamos Papai Noel.
Uma outra forma de pôr a questão é o paradoxo de [Enrico] Fermi, no qual o físico italiano perguntava: se alienígenas extraterrestres são comuns, por que não são óbvios? "Onde estão eles?", na frase que ficou celebrizada.
Para responder a essa pergunta, entusiastas dos óvnis costumam recorrer a toda sorte de teorias conspiratórias, como a de que governos escondem as evidências e até mesmo alguns ETs. Foi assim que surgiram lendas urbanas como a da Área 51 e o ET de Varginha.
Evidentemente, o fato de não termos encontrado nenhum disco voador não significa que não exista vida fora da Terra. Há uma disciplina científica, a astrobiologia, que se dedica a esse tipo de busca, seja na forma de vida inteligente, seja, mais modestamente, como micróbios.
Na primeira categoria estão iniciativas como o Seti, que procura por sinais de rádio oriundos de planetas distantes. Foram 40 anos de decepcionante silêncio. É claro que 40 anos não são nada diante da vastidão do Universo, uma civilização alienígena que esteja nos confins do espaço seria, em termos práticos, uma civilização para nós não existente.
Na segunda, estão as sondas que despachamos para vários pontos do sistema solar. As que foram a Marte, por exemplo, embora não tenham encontrado ainda bactérias vivas ou mortas, revelaram indícios que reforçam a suspeita de que pode haver ou ter havido ali atividade microbiana. Outros candidatos a comportar vida são os satélites Europa e Titã.
O pressuposto de ambas as buscas é o princípio da mediocridade, defendido, entre outros, pelos astrônomos Carl Sagan e Frank Drake: se existe vida na Terra e ela é um planeta sem nada de excepcional, deve haver seres vivos em muitos mundos.
Contrapõe-se a ele a hipótese da Terra rara, elaborada pelo geólogo e paleontologista Peter Ward e pelo astrobiólogo Donald Brownlee, segundo a qual o surgimento de vida multicelular é um evento menos comum do que supõe o princípio da mediocridade, pois depende de uma combinação improvável de fatores astrofísicos e geológicos e não apenas da química, a qual parece distribuir-se de forma mais democrática pelo Universo.
A Terra rara é uma resposta convincente ao paradoxo de Fermi e ao silêncio do Seti, mas ela nos deixa mais solitários no Universo. Pensando bem, isso talvez não seja uma má ideia. Se existem aliens com capacidade tecnológica para construir discos voadores, é prudente ficarmos longe deles. Mesmo que viessem munidos das melhores intenções, quando civilizações em diferentes estágios de desenvolvimento tecnológico se encontram, a mais atrasada tende a levar a pior. Foi isso pelo menos o que aconteceu na Terra, como o provam a história das Américas, da África, da Oceania...
Hélio Schwartsman, 44 anos, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha.com.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Mais um impacto em Júpiter
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
A Lua está encolhendo como uma maçã velha.
A Lua está encolhendo como uma maçã velha, revelam imagens da NASA, que explica esta contração pelo resfriamento interno. Mais detalhes em:
Foto Sergio Carbonar
Câmara Nikon D60
17/08/2010
http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/eua astronomia