Sociedade Princesina de Ciências Astronômicas ®

sábado, 1 de janeiro de 2011

Meteorito inspirou mito greco-romano de Faetonte, diz grupo

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA da FOLHA.Link


Foi um caso de barbeiragem de proporções cósmicas, diz a mitologia. O mortal Faetonte assumiu as rédeas da carruagem do Sol e quase derrubou o astro em cima da pobre Terra. Será que um evento astronômico real poderia ter inspirado a história?

Ao menos para pesquisadores da Alemanha e da Grécia, a resposta é "sim". Em estudo na revista científica "Antiquity", especializada em arqueologia, eles dissecam textos da
Antiguidade clássica para tentar demonstrar que um meteorito de verdade está por trás do mito greco-romano de Faetonte.

O casal alemão Barbara e Michael Rappenglück, do Instituto de Estudos Interdisciplinares, coordenou o estudo. Eles são arqueoastrônomos --estudiosos do conhecimento astronômico antigo.

CICATRIZES NA TERRA

Barbara Rappenglück contou à Folha que seu interesse por Faetonte surgiu em 2005, quando estava estudando o chamado impacto de Chiemgau. Nessa região da Baviera (sudeste da Alemanha), o solo está salpicado de aparentes crateras. A maior delas hoje é o lago de Tüttensee, com diâmetro de 600 metros e profundidade de 30 metros.

É claro que o simples chão esburacado não é suficiente para comprovar a queda de um meteorito. Os pesquisadores citam outras pistas bem mais reveladoras, típicas de outros impactos.

Quando um bólido celeste despenca, é como se o calor e a energia da pancada "torturassem" as rochas vizinhas, deixando-as com feições características. Algumas derretem e se solidificam rapidamente; outras são vitrificadas (viram vidro); e surgem até minúsculos diamantes no sedimento. Todos esses detalhes estão presentes em Chiemgau, fortalecendo a hipótese do impacto.

"Muitos autores, nas últimas décadas, estavam associando o mito de Faetonte com a queda de um meteorito ou de fragmentos de um cometa", diz Rappenglück. "Mas essas interpretações não me convenceram."

Porém, duas pesquisas mais caprichadas, do alemão Wolf von Engelhardt e do sueco Jerker Blomqvist, voltaram a inspirá-la na caça à cratera. Blomqvist chegou a propor candidatas: as crateras de Kaali, na Estônia.

Mas um detalhe não batia: a localização tradicional do mito. Conta-se que Faetonte, filho do deus solar Hélios e da mortal Climene, pede a seu pai para guiar a carruagem que leva o Sol pelo céu.

O deus cede aos desejos do filho, mas ele pilota tão mal que quase queima a Terra inteira. Para impedir o desastre, Zeus, o chefão dos deuses gregos, atinge o rapaz com um raio, e ele cai no rio Erídano -que, na tradição grega, ficava em algum lugar da Europa Ocidental, e não Oriental (como a Estônia).

O diabo é saber onde. Alguns identificam o Erídano com o rio Pó, no norte da Itália, outros com o Danúbio.

O casal alemão defende a segunda interpretação, já que o rio é perto de Chiemgau. Por meios indiretos, também é possível datar o surgimento das crateras entre 2000 a.C. e 800 a.C. A data bate, em linhas gerais, com o período de formação da cultura e da mitologia gregas, e antecede a primeira menção escrita clara ao mito de Faetonte, na peça "Hipólito" (428 a.C.), de Eurípides.

Os pesquisadores citam ainda detalhes de narrativas antigas, como as do poeta romano Ovídio (43 a.C.-17 d.C.), que registrariam alguns detalhes muito parecidos com a queda de um objeto celeste "transfigurada" pelo mito.

Rappenglück admite que os relatos são muito posteriores ao impacto, mas diz que podem se basear em dados anteriores.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Eclipse lunar 21/12/2010

Fotografia do eclipse lunar visto na Noruega.

Do site SpaceWeather.com

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Faltam quatro dias para o máximo dos Geminídeos


(clique na imagem para ampliá-la)

No próximo dia 14, a Terra estará entrando na zona onde se encontram a maior quantidade de meteoros que formam o chuveiro de Geminídios, na constelação de Gêmeos.

São muito luminosos, alguns de tonalidades azul ou verde, que seguem seus percursos pela abóbada deixando um rastro luminoso que varia segundo a sua dimensão e composição.

Com uma das taxas mais altas, mais de 50 meteoros vistos por hora em média, esta chuva é um espetáculo gratuito acessível a todos que possuem olhos e um céu desempedido de nuvens e poluição luminosa.

Torçamos para que seja o maior espetáculo celeste do ano!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sonda espacial confirma "ar" com oxigênio em lua de Saturno

Via FOLHA.
A Terra ganhou uma companheira na galeria dos corpos celestes com forte presença de oxigênio na atmosfera. Astrônomos anunciaram que Reia - segundo maior dos 62 satélites de Saturno - tem o gás.

Embora haja indícios claros da presença de oxigênio em outros planetas e satélites (como Europa, lua de Júpiter), a maioria dessas conclusões se baseia em observações indiretas, como as do Telescópio Espacial Hubble.

Desta vez, a sonda não tripulada Cassini, da Nasa, conseguiu de fato coletar o gás. A descoberta será publicada numa edição futura da revista "Science".

Para isso, ela sobrevoou o satélite a uma distância de apenas 97 quilômetros. Em termos espaciais, isso significa que o dispositivo "passou raspando" sobre a lua.

A quantidade de oxigênio presente em Reia, no entanto, é muito inferior à que existe na Terra.

A atmosfera detectada pela Cassini, composta de oxigênio e dióxido de carbono (CO2), é extremamente rarefeita, devido à baixa densidade e à massa pequena do satélite, entre outros fatores.

A capacidade de um corpo assim conseguir reter gases e formar uma atmosfera, aliás, foi um dos aspectos que mais intrigaram os cientistas. Normalmente, os corpos celestes que possuem atmosfera costumam ser mais densos.

A densidade do nosso planeta, por exemplo, é de aproximadamente 5,5 g/cm3, enquanto à de Reia não passa de 1,2 g/cm3. Isso significa que o satélite é apenas um pouco mais denso do que a água, que tem 1 g/cm3.

DESABITADO

Embora a composição química de Reia seja teoricamente favorável à vida - além do oxigênio recém descoberto, ela é composta principalmente de água no estado sólido -, o cientista que comandou o trabalho afirma que essa possibilidade é remota.

"Todas as evidências da Cassini indicam que Reia é muito fria e desprovida de água em estado líquido, o que é necessário para a vida como a conhecemos", disse Ben Teolis, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, no Texas (EUA), em entrevista ao jornal britânico "Guardian".

Roberto Costa, professor do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP), também duvida da existência de vida no satélite de Saturno."Essa descoberta não tem realmente nada a ver com vida. Saturno está fora do cinturão de habitabilidade. Ou seja, não tem água na fase líquida. Essas novas informações são realmente muito importantes, mas do ponto de vista do estudo da formação do Universo."

Apesar de terem detectado a atmosfera, os cientistas ainda estão desenvolvendo (muitas) hipóteses para explicar sua formação. O oxigênio parece ser formado com a "quebra" do gelo presente no satélite, devido à influência magnética de Saturno.

O dióxido de carbono também pode ter vindo do gelo, ou ainda ter sido depositado por materiais ricos em carbono que chegaram com o choque de minúsculos meteoros, entre outras possibilidades.